Psiquiatras aconselham moderação nas prendas
Adultos fazem ofertas para compensar indisponibilidade. Médicos alertam: muitos presentes 'anestesiam' as crianças.
Qual é o melhor brinquedo para as crianças e para os pais? As pessoas, dizem os estudiosos do comportamento humano. Então, porque se gasta tanto dinheiro em presentes? "Porque as pessoas têm pouca satisfação em estar com os outros e sentem necessidade de compensação", explica o pedopsiquiatra e psicanalista Emílio Salgueiro.
Presidente do Colégio de Psiquiatra da Infância e da Adolescência da Ordem dos Médicos, o especialista está convicto de que a vida moderna padece de uma crise social e a cura passa pela ponderação. "Os pais devem reflectir sobre o espírito com que dão os brinquedos. Quanto mais os adultos têm a sensação de que estão ausentes mais brinquedos oferecem. É uma forma de se desculpabilizarem pela falta de disponibilidade e é isso que se vê na actual angústia natalícia". A prova está à vista de todos: as vendas de brinquedos aumentam de ano para ano.
O número de prendas é, quase sempre, proporcional ao orçamento, contudo, o excesso diminui o valor dos presentes. "Como são muitos, não é atribuído tanto valor e o gosto de desfrutar também é menor. É um pouco anestesiar as crianças", ironiza Emílio Salgueiro. Também pedopsiquiatra e psicanalista, Maria José Gonçalves reconhece que "há, de facto, uma tendência consumista e uma variedade de oferta que favorece que as crianças tenham mais brinquedos". Ainda assim, esta realidade não tem de ser negativa. "Não há números ideais, mas os pais devem escolher os brinquedos de acordo com a idade da criança, as suas capacidades e interesses e não em função dos seus próprios gostos".
E é preciso disciplina para não dar tudo o que é pedido. "As crianças lidam melhor com a frustração do que às vezes mostram ou do que os pais pensam. A satisfação imediata, seja em que área da vida da criança for, dificulta-lhes o lidar com a realidade e com os seus constrangimentos", acrescenta.
Dosear e bom senso parental são as palavras de ordem, mesmo para especialistas que estudam adolescentes e crianças. "Os pais devem estabelecer limites para tudo menos para o amor firme", sublinha o catedrático de psiquiatria da Faculdade de Medicina de Lisboa, Daniel Sampaio. Mais do que o número de presentes, os estudiosos são unânimes em afirmar que "o importante é brincar com as crianças. O ideal era que os pais fizessem os brinquedos em conjunto com os filhos", diz o psiquiatra José Gameiro.
Não o fazem porque dizem não ter tempo. "A sociedade actual tem dificuldade em esperar. As pessoas sentem-se hoje mais vazias e, por isso, com necessidade de presenteamento. Contudo, as crianças não precisam de compensação, mas sim de atenção", sublinha Emílio Salgueiro. As brincadeiras entre pais e filhos são uma solução. "Mas, brincar não é infantilizar (com os pais a brincarem com carrinhos., é estar com as crianças e ser capaz de se colocar no seu nível de interesse. E não é preciso ter brinquedos". Como se faz? Usam-se as situações do quotidiano: "Um dos melhores lugares para a interacção entre pais e filhos é a viagem de carro entre a casa e a escola", diz a psicóloga clínica, Inês Marques.
Qual é o melhor brinquedo para as crianças e para os pais? As pessoas, dizem os estudiosos do comportamento humano. Então, porque se gasta tanto dinheiro em presentes? "Porque as pessoas têm pouca satisfação em estar com os outros e sentem necessidade de compensação", explica o pedopsiquiatra e psicanalista Emílio Salgueiro.
Presidente do Colégio de Psiquiatra da Infância e da Adolescência da Ordem dos Médicos, o especialista está convicto de que a vida moderna padece de uma crise social e a cura passa pela ponderação. "Os pais devem reflectir sobre o espírito com que dão os brinquedos. Quanto mais os adultos têm a sensação de que estão ausentes mais brinquedos oferecem. É uma forma de se desculpabilizarem pela falta de disponibilidade e é isso que se vê na actual angústia natalícia". A prova está à vista de todos: as vendas de brinquedos aumentam de ano para ano.
O número de prendas é, quase sempre, proporcional ao orçamento, contudo, o excesso diminui o valor dos presentes. "Como são muitos, não é atribuído tanto valor e o gosto de desfrutar também é menor. É um pouco anestesiar as crianças", ironiza Emílio Salgueiro. Também pedopsiquiatra e psicanalista, Maria José Gonçalves reconhece que "há, de facto, uma tendência consumista e uma variedade de oferta que favorece que as crianças tenham mais brinquedos". Ainda assim, esta realidade não tem de ser negativa. "Não há números ideais, mas os pais devem escolher os brinquedos de acordo com a idade da criança, as suas capacidades e interesses e não em função dos seus próprios gostos".
E é preciso disciplina para não dar tudo o que é pedido. "As crianças lidam melhor com a frustração do que às vezes mostram ou do que os pais pensam. A satisfação imediata, seja em que área da vida da criança for, dificulta-lhes o lidar com a realidade e com os seus constrangimentos", acrescenta.
Dosear e bom senso parental são as palavras de ordem, mesmo para especialistas que estudam adolescentes e crianças. "Os pais devem estabelecer limites para tudo menos para o amor firme", sublinha o catedrático de psiquiatria da Faculdade de Medicina de Lisboa, Daniel Sampaio. Mais do que o número de presentes, os estudiosos são unânimes em afirmar que "o importante é brincar com as crianças. O ideal era que os pais fizessem os brinquedos em conjunto com os filhos", diz o psiquiatra José Gameiro.
Não o fazem porque dizem não ter tempo. "A sociedade actual tem dificuldade em esperar. As pessoas sentem-se hoje mais vazias e, por isso, com necessidade de presenteamento. Contudo, as crianças não precisam de compensação, mas sim de atenção", sublinha Emílio Salgueiro. As brincadeiras entre pais e filhos são uma solução. "Mas, brincar não é infantilizar (com os pais a brincarem com carrinhos., é estar com as crianças e ser capaz de se colocar no seu nível de interesse. E não é preciso ter brinquedos". Como se faz? Usam-se as situações do quotidiano: "Um dos melhores lugares para a interacção entre pais e filhos é a viagem de carro entre a casa e a escola", diz a psicóloga clínica, Inês Marques.
Expresso
É necesário que os adulos tomem consciência que as crianças não são depósitos de prendas, que depois mais tarde os abandonam, é necessário bom senso na compra das prendas para os mais pequenos, até porque os tempos estão maus para esbanjar.
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